POR CAUSA DA SECA NO CHILE FICA COMPROMETIDO O ABASTECIMENTO DE ÁGUA, A JORNADA DAS ESCOLAS E A SAÚDE DAS COMUNIDADES.
Na região chilena de Valparaíso, uma escola, que recebe 127 alunos todos os dias, 46 deles no ciclo vespertino, teve que cortar o dia de atividades pela metade devido à megassecagem na região. O corte de água agora foi estendido das 14h às 18h, afetando todo um ciclo de alunos, que já tiveram que adequar seus horários por conta da pandemia.
O local, onde residem quase 10.000 habitantes dizem sentir-se de mãos atadas contra os interesses dos grandes empresários que monopolizam a pouca água disponível contra a permissividade do Estado.
Todo verão é a mesma história: aguardar os caminhões cisterna (também chamados de tanques), assistir à morte dos animais e fazer manobras para aproveitar cada gota como se fosse a última.
Em março passado, o Supremo Tribunal chileno emitiu uma decisão histórica para garantir pelo menos 100 litros de água por pessoa todos os dias, em comparação com os 50 litros que haviam sido distribuídos.Mas nem mesmo os 100 litros conseguiram impedir o fechamento parcial das escolas, que fazem malabarismos para manter o desempenho educacional.
Mas a seca não teria as consequências de que vivem os habitantes de Petorca se não fosse o agronegócio, principalmente o abacate , que ocorre de forma prolífica nesta área e que monopoliza a água de que os habitantes tanto precisam.
Quando menino, Quiroz desfrutava dos benefícios da vida no campo sempre que visitava Petorca. E lembre-se que uma de suas atividades era tomar banho de rio. Refere-se ao que hoje é o vestígio de um leito de rio, o que já foi um rio: pedras e terra firme sem uma única evidência de que ali corresse água.
“Era uma área com muita flora e fauna. Hoje não tem nada, é praticamente um deserto”, lamenta Quiroz.
Hoje as crianças não sabem como era o rio, mas conhecem a paisagem circundante: colinas castanhas e cinzentas adornadas por manchas verdes que se estendem por centenas de hectares que representam plantações de abacate.
Em carta oficial enviada ao Ministro do Interior e Segurança Pública do Chile em 7 de dezembro, a deputada Carolina Marzán pediu ao governo que avaliasse o parecer sobre um novo decreto que "declara uma zona de catástrofe por escassez de água".
“Aqui em Petorca os direitos humanos são sistematicamente violados: o direito humano à água, o direito à educação, o direito à saúde. É um problema integral mas tem a ver com o modelo, o modelo económico”, enfatiza Quiroz. O grande problema é que o Chile é o único país do mundo que tem suas águas privatizadas.
Existe um modelo de privatização e comercialização em torno da água que prioriza a indústria extrativa e não prioriza as comunidades, já que o direito humano à água não está consagrado constitucionalmente.
Aqui em Petorca os direitos humanos são sistematicamente violados: o direito humano à água, o direito à educação, o direito à saúde. O grande problema é que o Chile é o único país do mundo que tem suas águas privatizadas.
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