TUDO ESTÁ FORA DE ÉPOCA SEGUNDO A PERCEPÇÃO INDÍGENA SOBRE AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS.

Pesquisadores ingleses e brasileiros detectaram que uma combinação de fatores está fazendo com que centenas de famílias ribeirinhas passem fome em plena Amazônia, apesar de viverem cercados da floresta de maior diversidade biológica do planeta, principalmente por falta de peixes. 

                                            


Tudo está fora da época. As árvores estão florescendo fora da época, o solo já não é o mesmo, a quentura aumenta e, quando vem o seco, os peixes morrem. O pescador absorve o impacto negativo.

Na região do Alto Rio Solimões, perto de onde o Amazonas faz fronteira com Colômbia e Peru. Quando vem a chuva, chove muito. Isso também impacta os agricultores e os pescadores. Hoje em dia, tem pescador que chega de mãos vazias. Pegam peixes tão pequenos que ficam tristes. 

Pesquisas mostram que as mudanças climáticas já podem ser percebidas no tamanho reduzido dos peixes e na diminuição de sua quantidade em várzeas e igarapés; as fêmeas também estão se reproduzindo mais cedo.

Hoje já não encontramos mais, peixes maiores, não tem mais peixe-boi, não tem mais pirarucu grande, tambaqui grande, não tem mais mapará grande. Nem jacaré encontramos mais. As alterações apontadas pelos indígenas vêm ao encontro dos dados evidenciados pela ciência.

Os igarapés ocupam 80% da área das bacias hidrográficas da Amazônia e têm a temperatura da água bastante estável, variando entre 23 e 25 graus centígrados. As mudanças climáticas associadas ao desmatamento devem causar o aumento da temperatura ambiente e o consequente aumento na variação da temperatura destas águas.

Boa parte dos peixes de igarapé não vai conseguir lidar com isso em termos fisiológicos. Eles evoluíram num ambiente muito estável, então qualquer variação brusca afeta a biologia desses organismos, atrapalha a reprodução, atrapalha os padrões de movimentação e eles não terão tempo para se adaptarem as novas condições e dificilmente sobreviverão.

No Brasil, uma nova espécie de peixe de água doce é descoberta praticamente a cada três dias. Nos ambientes aquáticos, os peixes fazem parte da teia alimentar, reciclam nutrientes, ajudam a conservar as florestas por meio da dispersão de sementes, entre outras funções.

Para tentar resguardar toda essa riqueza biodiversa da Amazônia, o Projeto Climas capacita mulheres indígenas para que elas mesmas articulem ações mitigadoras dos efeitos de mudanças climáticas.

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