FRAGMENTAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA EM SÃO PAULO RESULTA EM QUASE UMA CENTENA DE AVES NÃO MAIS AVISTADAS.

Um estudo recém-divulgado descreve sobre o desaparecimento de 80 espécies de aves no interior paulista, mais precisamente em quatro áreas de conservação ambiental: a Reserva Biológica de Andradina e as Estações Ecológicas de Marília, Paulo de Faria e Santa Maria.

A localização dessas unidades de conservação, também chamadas Unidades de Proteção Integral (UPIs) ajuda a entender a que ponto a deterioração ambiental está por trás do sumiço ou quase extinção de aves outrora presentes em grande número. 

Ao longo das últimas décadas, os cultivos do café e da cana-de-açúcar, além da exploração de pasto, tem se intensificado nesses trechos de interior paulista, degradando não apenas a paisagem como também a qualidade do meio ambiente para prejuízo das espécies animais, aves incluídas.

Quem estuda aves, aprende a reconhecer tanto o piar de chamado quanto o de contato, pois são duas as vocalizações. No Brasil, são 1.971 as espécies de aves catalogadas, segundo o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO). 

O cientista Cavarzere admite, porém, que seu estudo não teve esforço amostral suficiente para chegar a uma definição sobre o paradeiro das 80 espécies de aves não detectadas nessas áreas de conservação, levando em conta as 358 registradas em trabalhos feitos nas últimas quatro décadas nessas regiões. “É impossível afirmar que elas estão extintas; o mais provável é que cerca de 40 ainda existam, mas em número tão pequeno que não tivemos sorte de registrar”, avalia.

O problema que preocupa, são às 40 espécies restantes, todas elas espécies florestais. Aves não encontradas na pesquisa de Cavarzere incluem, entre outras, o mutum-de-penacho (Crax fasciolata) e a arara-vermelha (Ara chloropterus), ambas ameaçadas de extinção, e também o pula-pula (Basileuterus culicivorus). 

                                                   


Se essas aves não foram detectadas em áreas conservadas, o que se pode esperar fora delas? Certamente o sumiço comprova a fragmentação de vegetação da Mata Atlântica no interior paulista.

Espécie florestal diz respeito à ave que pula de galho em galho para se deslocar, ou seja, precisa de um dossel fechado para sobreviver. Quando a mata é “quebrada” pela ação humana, perde a possibilidade de se deslocar entre dosséis. E, por voo limitante, tende a se isolar e desaparecer. Uma cadeia inteira de relações ecológicas deixa de existir com a ausência dessas aves.

A lei determina que 20% da vegetação deve ser preservada em terras particulares. Mas isso carece de ser a realidade. O Estado tem o dever de preservar a nossa avifauna, está na Constituição, reforça, e não adianta ficar à espera de que essas aves irão voltar sem o devido e urgente reflorestamento. 

O Brasil é um paraíso de aves, só perde em número de espécies para a Colômbia. Deveríamos nos sentir orgulhosos, em atrair turistas do mundo inteiro para também se apaixonar por nossas aves.

Comentários

  1. Quando a mata é “quebrada” pela ação humana, perde a possibilidade de se deslocar entre dosséis. E, por voo limitante, tende a se isolar e desaparecer. Uma cadeia inteira de relações ecológicas deixa de existir com a ausência dessas aves.

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