Animais silvestres conhecidos como reservatórios de patógenos humanos:
Morcegos
Reservatórios de: Coronavírus (como o SARS-CoV e o SARS-CoV-2, causador da COVID-19), vírus Nipah, vírus da raiva, Ebola.
São considerados superreservatórios por abrigarem muitos vírus sem apresentarem sintomas.
Roedores
Reservatórios de: Hantavírus, arenavírus (febre hemorrágica), peste bubônica (via pulgas).
São muito adaptáveis a ambientes urbanos, o que aumenta o risco de contato com humanos.
Primatas não humanos
Reservatórios de: HIV (originado do SIV – vírus da imunodeficiência símia), vírus do Ebola.
Devido à semelhança genética com humanos, são hospedeiros importantes para patógenos zoonóticos.
Aves silvestres
Reservatórios de: Vírus da gripe aviária (H5N1, H7N9), Salmonella.
Migram longas distâncias e podem espalhar vírus entre continentes.
Camelos
Reservatórios de: MERS-CoV (síndrome respiratória do Oriente Médio).
A transmissão ocorreu em regiões do Oriente Médio, especialmente em contato direto com animais.
Porcos selvagens e domésticos
Reservatórios de: Diversos vírus da gripe, inclusive cepas pandêmicas.
Facilitam a mistura de genes virais (rearranjo), podendo gerar novas variantes.
Tatus e outros xenartros
Reservatórios de: Mycobacterium leprae (causador da hanseníase), em alguns casos.
Por que a preservação dos ecossistemas é uma forma de prevenção?
Barreiras naturais: Ecossistemas intactos funcionam como barreiras entre humanos e patógenos silvestres.
Diluição do risco: A biodiversidade ajuda a "diluir" a propagação de patógenos. Em ambientes diversos, há menos chance de um único hospedeiro amplificador dominar.
Menor contato humano-animal: Desmatamento, mineração e urbanização forçam os animais a migrar para áreas urbanas, aumentando o contato com humanos.
Menos estresse para os animais: Animais em estresse imunológico (devido à perda de habitat, por exemplo) podem liberar mais patógenos.
Essa conexão tem até nome: Doenças Zoonóticas
São doenças que “saltam” de animais para humanos. Estima-se que cerca de 70% das doenças infecciosas emergentes vêm de animais silvestres. A própria COVID-19 é um exemplo emblemático disso.
Conclusão:
Preservar florestas, biodiversidade e habitats naturais não é só uma causa ambiental — é também uma estratégia crucial de saúde pública global. Essa abordagem é conhecida como "Saúde Única" (One Health), que integra saúde humana, animal e ambiental.
A relação entre a destruição de ecossistemas naturais e o surgimento de epidemias e pandemias tem sido objeto de diversos estudos científicos. A seguir, apresento informações sobre regiões sob risco de desenvolverem doenças zoonóticas devido à degradação ambiental.
Regiões de Risco para Doenças Zoonóticas
Estudos identificaram áreas com maior propensão ao surgimento de doenças infecciosas emergentes (EIDs), especialmente em regiões tropicais com alta biodiversidade e pressão antrópica.
Hotspots Globais
Um estudo publicado na revista Nature Communications mapeou os "hotspots" globais de doenças zoonóticas emergentes. Regiões como partes da África Central, Sudeste Asiático e América do Sul, incluindo a Amazônia, foram destacadas como áreas de alto risco devido à combinação de biodiversidade rica e atividades humanas intensas.
Cenário Brasileiro
No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou um estudo que aponta níveis de risco para o surgimento de epidemias ou pandemias a partir do país. O estudo destaca que estados sob influência da Floresta Amazônica, como o Maranhão, apresentam alto risco devido à alta diversidade de mamíferos selvagens e perda significativa de cobertura florestal. Por outro lado, estados como o Ceará, onde predomina a Caatinga, apresentam risco mais baixo.
Fatores que Contribuem para o Risco
Diversos fatores aumentam a probabilidade de surgimento de doenças zoonóticas:
Desmatamento e perda de vegetação natural: A remoção da vegetação facilita o contato entre humanos e animais silvestres, aumentando o risco de transmissão de patógenos.
Caça e comércio de animais silvestres: Essas práticas elevam a exposição a agentes infecciosos presentes na fauna.
Mudanças no uso da terra: A expansão agrícola e urbana em áreas naturais contribui para a fragmentação de habitats e aproximação entre espécies.
Vulnerabilidades sociais e infraestrutura de saúde precária: Populações com acesso limitado a serviços de saúde estão mais expostas e menos preparadas para lidar com surtos.
Importância da Preservação dos Ecossistemas
A conservação de ecossistemas naturais atua como uma barreira contra a emergência de doenças infecciosas. Ambientes biodiversos mantêm o equilíbrio entre espécies e reduzem a probabilidade de "spillover" de patógenos para humanos. Além disso, políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental são essenciais para mitigar os riscos de futuras pandemias.
A Região Sudeste do Brasil é reconhecida como uma área crítica no contexto das zoonoses. A alta densidade populacional, a urbanização intensa e a proximidade com fragmentos de vegetação nativa aumentam significativamente o risco de transmissão de patógenos de origem silvestre para humanos.
Mapas e Informações sobre Riscos Zoonóticos em São Paulo e Rio de Janeiro
1. Febre Maculosa: Municípios Afetados
Um estudo publicado na ResearchGate apresenta um mapa destacando os municípios com casos autóctones de febre maculosa entre 2007 e 2016 nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A febre maculosa é transmitida pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), que pode ser encontrado em áreas urbanas e periurbanas, especialmente onde há presença de capivaras.
2. Esporotricose no Município do Rio de Janeiro
A Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses do Rio de Janeiro disponibilizou um mapa com a distribuição de casos novos de esporotricose entre janeiro e julho de 2019. A esporotricose é uma micose subcutânea transmitida principalmente por gatos infectados, e sua incidência tem aumentado em áreas urbanas.
3. Leishmaniose Visceral Canina em Áreas Urbanas
Um estudo publicado na MDPI apresenta um mapa detalhado da distribuição de cães soropositivos e soronegativos para leishmaniose visceral em áreas urbanas, destacando a sobreposição com fragmentos de Mata Atlântica. A leishmaniose é transmitida por flebotomíneos (mosquitos-palha) e representa um risco crescente em ambientes urbanos.
Fatores que Contribuem para o Risco na Região Sudeste
Fragmentação de habitats: A expansão urbana leva à fragmentação de ecossistemas, aumentando o contato entre humanos e animais silvestres.
Presença de fauna sinantrópica: Animais como roedores e morcegos adaptam-se facilmente ao ambiente urbano, podendo ser reservatórios de diversos patógenos.
Infraestrutura de saúde desigual: Áreas com acesso limitado a serviços de saúde e saneamento básico são mais vulneráveis à propagação de zoonoses.
Recomendações para Monitoramento e Prevenção
Fortalecimento da vigilância epidemiológica: Implementar sistemas de monitoramento contínuo para detecção precoce de surtos zoonóticos.
Educação e conscientização: Promover campanhas educativas sobre prevenção de zoonoses, especialmente em áreas de risco.
Preservação de ecossistemas: Proteger e restaurar áreas verdes urbanas e periurbanas para manter o equilíbrio ecológico e reduzir o contato entre humanos e animais silvestres.
A preservação dos ecossistemas naturais é, sem dúvida, uma forma eficaz de prevenção de epidemias e pandemias. Estima-se que cerca de 70% das doenças infecciosas emergentes vêm de animais silvestres.
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