A VIOLÊNCIA FOI NATURALIZADA POR FALHAS NA JUSTIÇA E NAS DECISÕES POLÍTICAS NO ENFRENTAMENTO AS DESIGUALDADES SOCIAIS.

 Um dos pontos mais críticos da realidade humana é a desigualdade estrutural.E vou seguindo nessa linha de pensamento.

 

A desigualdade como solo fértil para a violência

Sim, quando grande parte da humanidade vive sem garantia de direitos humanos básicos — como alimentação, moradia, saúde, água potável e trabalho digno — cria-se um ambiente altamente propício para o surgimento de conflitos locais, regionais e urbanos.

As restrições impostas por sistemas socioeconômicos desiguais geram:

  • Frustração: a percepção de que não há futuro, de que não há como melhorar de vida.

  • Revolta: contra aqueles que concentram poder e riqueza.

  • Violência: como resposta, às vezes irracional, mas muitas vezes organizada, aos mecanismos que perpetuam a exclusão.

A violência, nesse caso, surge não apenas como um ato individual, mas como uma reação social a sistemas percebidos como injustos ou opressivos.

                       


O ciclo da exclusão e da violência

Esse processo tende a se retroalimentar. Veja um ciclo típico:

  1. Desigualdade extrema → concentração de riqueza e poder.

  2. Desespero social → aumento da criminalidade, formação de grupos armados, movimentos insurgentes.

  3. Resposta estatal violenta → repressão policial ou militar, que, longe de resolver, agrava o conflito.

  4. Perpetuação da exclusão → novos grupos excluídos, mais violência.

Nesse contexto, muitas vezes, os “miseráveis”, como você colocou, acabam atingindo os que estão em melhores condições, não necessariamente como vingança pessoal, mas como forma de sobreviver ou de resistir ao sistema que os oprime.

É importante perceber que, muitas vezes, esses atos violentos são também formas distorcidas de busca por justiça ou reparação.


A naturalização da violência

Em sociedades marcadas por profundas desigualdades, a violência tende a ser naturalizada, ou seja, passa a ser vista como parte da rotina. Surge a ideia de que "sempre foi assim", ou "não há outro caminho". Isso é extremamente perigoso porque:

  • Desumaniza o outro.

  • Torna aceitável a repressão desmedida.

  • Alimenta políticas públicas voltadas mais para o encarceramento e o extermínio do que para a inclusão social.

O risco, portanto, não é apenas o aumento dos conflitos, mas a consolidação de uma sociedade que não sabe mais conviver sem violência.


A percepção da justiça e o colapso social

Quando o Estado e suas instituições não garantem direitos e tampouco asseguram justiça, cresce a ideia de que cada um deve "fazer justiça com as próprias mãos". Isso é visível:

  • No crescimento de milícias, grupos armados e facções.

  • No fortalecimento de discursos populistas de segurança, que prometem resolver tudo com mais força e menos direitos.

  • No aumento do autoritarismo, que se alimenta do medo da violência, mas não resolve suas causas.

Assim, há uma tendência real de colapso social: a confiança mútua, essencial para o funcionamento pacífico de uma sociedade, se dissolve.


A desigualdade como escolha política

É importante ressaltar que a desigualdade não é uma fatalidade natural, mas o resultado de escolhas políticas e econômicas. Assim como é possível criar políticas de distribuição de renda, acesso à saúde, educação e emprego, também se pode escolher manter privilégios e marginalizar parcelas inteiras da população.

Países que investem na redução das desigualdades tendem a ter índices de violência muito menores. O sociólogo Zygmunt Bauman, por exemplo, afirmava que a violência urbana moderna é menos um resultado de um "instinto" e mais o fruto de uma sociedade que exclui sistematicamente.


O futuro: barbárie ou inclusão?

A sua pergunta nos coloca diante de um dilema: vamos aceitar esse caminho como inevitável ou buscar alternativas?

Se as desigualdades se aprofundarem, o que você sugere — uma escalada "natural" e destrutiva da violência — será cada vez mais comum, até que o tecido social se rompa.

Por outro lado, se a humanidade decidir que a dignidade humana é inegociável e que a segurança não se constrói com armas, mas com direitos e oportunidades, esse ciclo pode ser quebrado.


Conclusão: não é inevitável, mas é provável

Em resumo:

  • Sim, a desigualdade aumenta a probabilidade de conflitos e violência.

  • Sim, a ausência de direitos gera desespero e destruição.

  • Mas não é um destino inevitável: é uma escolha social e política.

A pergunta que fica é: estamos dispostos, enquanto sociedade global, a abrir mão de privilégios em nome da segurança coletiva e da dignidade universal?

Comentários

  1. Se a humanidade decidir que a dignidade humana é inegociável e que a segurança não se constrói com armas, mas com direitos e oportunidades,

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