ALZHEIMER: ALÉM DA CARGA GENÉTICA, FATORES AMBIENTAIS NOCIVOS ESTÃO ASSOCIADOS A ESSA DOENÇA.

                                     


Além das tendências genéticas e hereditárias, há uma série de fatores ambientais e de estilo de vida que estão diretamente associados ao risco crescente de doenças degenerativas, incluindo Alzheimer, Parkinson e outras doenças neurodegenerativas.

1. Poluição Atmosférica

Estudos recentes demonstram que a poluição atmosférica, especialmente a exposição prolongada a partículas ultrafinas (PM2.5 e menores) e a gases tóxicos como dióxido de nitrogênio (NO₂) e ozônio (O₃), está associada ao risco aumentado de doenças neurodegenerativas:

  • Mecanismos: As partículas inaladas penetram profundamente nos pulmões, entram na corrente sanguínea e podem ultrapassar a barreira hematoencefálica, desencadeando processos inflamatórios e oxidativos no cérebro.

  • Evidências: Pesquisas com imagens cerebrais mostram que pessoas expostas cronicamente à poluição têm maiores índices de atrofia cerebral, especialmente em áreas relacionadas com a memória e cognição, como o hipocampo.

  • Populações vulneráveis: Crianças, idosos e pessoas com predisposição genética (como portadores do alelo APOE-ε4) são mais suscetíveis.

2. Alimentos Contaminados com Pesticidas

O uso intensivo de pesticidas e herbicidas na agricultura representa outro fator de risco relevante:

  • Neurotoxicidade: Compostos como organofosforados, glifosato e paraquat são capazes de induzir estresse oxidativo, inflamação e disfunção mitocondrial em células neuronais.

  • Doença de Parkinson: Existe uma relação bem estabelecida entre exposição a pesticidas e aumento de risco de Parkinson, uma das doenças degenerativas mais prevalentes. A exposição ocupacional em trabalhadores rurais é especialmente perigosa, mas a contaminação por resíduos nos alimentos atinge toda a população.

  • Alimentos vulneráveis: Frutas e vegetais que recebem grande carga de agrotóxicos, como morangos, maçãs e espinafre.

3. Água com Poluentes Persistentes

Mesmo após o tratamento convencional, diversos poluentes podem permanecer na água potável e causar efeitos cumulativos na saúde neurológica:

  • Substâncias persistentes: Metais pesados como chumbo, mercúrio e arsênio; microplásticos; resíduos farmacêuticos; e poluentes orgânicos persistentes (POPs) como dioxinas e PCBs (bifenilos policlorados).

  • Mecanismos: Esses contaminantes afetam o sistema nervoso central através da indução de processos inflamatórios crônicos, dano oxidativo, disfunção das barreiras protetoras do cérebro e alterações epigenéticas.

  • Casos emblemáticos: O envenenamento crônico por chumbo está associado à perda cognitiva e maior risco de demência. Microplásticos, que liberam aditivos tóxicos e absorvem poluentes, também são cada vez mais encontrados em tecidos humanos.

4. Outros Fatores Insalubres Relacionados

Além dos fatores citados, outros elementos ambientais e de estilo de vida podem incrementar o risco de doenças degenerativas:

  • Ruído crônico: Associado a alterações do sono, aumento do estresse e alterações na plasticidade sináptica.

  • Sedentarismo e dietas hipercalóricas: Favorecem a resistência à insulina e a inflamação sistêmica, mecanismos centrais na fisiopatologia de Alzheimer.

  • Estresse crônico: A exposição contínua a hormônios do estresse (cortisol) acelera a degeneração neuronal.

  • Disruptores endócrinos: Substâncias como BPA (bisfenol A) afetam o sistema nervoso e hormonal, com possíveis efeitos a longo prazo na cognição e neurodesenvolvimento.

5. Perspectivas Futuras

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou que as doenças neurodegenerativas representam um dos maiores desafios para a saúde pública global, com tendência de crescimento exponencial até 2030, impulsionadas não só pelo envelhecimento populacional, mas também pela intensificação dos fatores ambientais adversos.

As políticas de mitigação ambiental, regulamentação de pesticidas e modernização dos sistemas de tratamento de água são essenciais para frear essa tendência.

Comentários

  1. As doenças neurodegenerativas representam um dos maiores desafios para a saúde pública global, com tendência de crescimento exponencial até 2030, impulsionadas não só pelo envelhecimento populacional, mas também pela intensificação dos fatores ambientais adversos.

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