AGENTES BIOLÓGICOS QUE SE ALTERNAM POR DIAS, MESES E ANOS SOBRE OS DEFUNTOS HUMANOS EXPOSTOS E EM DECOMPOSIÇÃO.

 


Esse é um tema central da tanatologia forense e da ecologia da decomposição.

De fato, a análise do corpo, do ambiente e dos organismos associados é uma ferramenta poderosa usada por médicos legistas e peritos para estimar o intervalo pós-morte (IPM).

Conheça a sequência de colonização de organismos e microrganismos, dividindo em dias, semanas, meses e anos, destacando os principais decompositores em cada fase:


🔹 FASES DA DECOMPOSIÇÃO HUMANA E COLONIZAÇÃO BIOLÓGICA

1. Primeiras horas até ~3 dias (fase fresca)

  • Microrganismos endógenos:

    • Bactérias do intestino (Clostridium, Escherichia coli, Bacteroides) começam a se proliferar sem o controle do sistema imunológico.

    • Esses microrganismos iniciam a autólise (autodigestão das células).

  • Insetos necrófagos pioneiros:

    • Moscas-varejeiras (Calliphoridae) são as primeiras a detectar o corpo e depositar ovos em orifícios naturais (boca, nariz, olhos, genitais) e feridas.


2. 4 a 10 dias (fase de putrefação inicial)

  • Microrganismos:

    • Produção de gases (H₂S, metano, amônia, CO₂) pelas bactérias anaeróbicas → o corpo incha.

    • Odor fétido característico.

  • Insetos:

    • Larvas (maggots) das moscas eclodem e formam colônias ativas de alimentação.

    • Podem consumir rapidamente tecidos moles da face e genitais.

  • Outros artrópodes:

    • Escaravelhos necrófagos (Silphidae) aparecem para se alimentar do tecido e das larvas de moscas.


3. 10 a 20 dias (putrefação ativa)

  • Microrganismos:

    • Atividade bacteriana e fúngica intensa.

    • Tecidos líquidos e com coloração escura.

  • Insetos:

    • Pico da atividade larval (moscas).

    • Besouros predadores (Staphylinidae, Histeridae) chegam para predar larvas de mosca.

    • Começam a aparecer moscas menores (Fanniidae, Piophilidae).

  • Vertebrados oportunistas:

    • Ratos, cães ou aves de rapina podem se alimentar do corpo.


4. 3 a 6 semanas (decomposição avançada)

  • Microrganismos:

    • Redução da massa de tecidos moles → predomínio de bactérias mais resistentes.

    • Fungos filamentosos colonizam ossos expostos e restos ressecados.

  • Insetos:

    • Menor presença de moscas; aumento de besouros necrófagos (Dermestidae) que consomem tecidos secos, cartilagens, cabelos e unhas.

  • Ácaros:

    • Algumas espécies especializadas colonizam restos secos.


5. Meses (fase de esqueletização)

  • Restos do corpo:

    • Tecidos moles quase ausentes. Restam cartilagem, tendões e ossos.

  • Insetos especializados:

    • Besouros Dermestidae continuam se alimentando de tecido seco e queratina.

    • Mariposas de roupas (Tineidae) podem se alimentar de cabelos e tecidos queratinosos.

  • Microrganismos:

    • Fungos saprófitas crescem em ossos e restos secos.

  • Ambiente:

    • Animais roedores podem roer ossos em busca de sais minerais.


6. Anos (fase esquelética)

  • Restos: apenas ossos, possivelmente mumificados em ambientes secos.

  • Microrganismos:

    • Bactérias do solo (Pseudomonas, Bacillus) continuam degradando a matéria orgânica residual nos ossos.

    • Fungos e líquens podem colonizar ossos expostos ao ar.

  • Fauna do solo:

    • Minhocas, formigas e cupins interagem com os ossos e o solo ao redor.

    • Ossos sofrem degradação físico-química (intemperismo, dissolução por ácidos orgânicos do solo).


🔹 RESUMO DA SUCESSÃO ECOLÓGICA

  • Dias 1–3 → bactérias intestinais + moscas-varejeiras.

  • Dias 4–10 → explosão de larvas + gases + besouros necrófagos iniciais.

  • Semanas 2–4 → predadores de larvas (besouros) + fungos.

  • Meses → derméstidos, traças e fungos em tecidos secos.

  • Anos → bactérias do solo, fungos e fauna do solo atuando sobre ossos.


👉 Esse ciclo não é rígido: varia com o clima, umidade, exposição ao ar, solo ou água, presença de roupas, queimaduras, sepultamento etc. Por isso, a entomologia forense e a microbiologia forense são ferramentas cruciais para estimar o tempo da morte.

Comentários

  1. A entomologia forense e a microbiologia forense são ferramentas cruciais para estimar o tempo da morte, por isso, o IPM varia com o clima, umidade, exposição ao ar, solo ou água, presença de roupas, queimaduras, sepultamento etc.

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